5.03.2008

Caminhos Tortuosos

Quando estamos a debater assuntos políticos ou até mesmo analisar fatos históricos, estamos sujeitos apenas a comentar algo que nos foi dito ou escrito, por alguma fonte. Normalmente espera-se que as pessoas ao buscarem informação, busquem das fontes mais credenciadas (isto não significa as mais populares), ou seja, aquelas que têm um compromisso com a verdade e com a imparcialidade.

Mas mesmo assim, só podemos analisar o que vêm até nós e é impossível querer saber quais são as reais intenções das mais variadas fontes de informação do mundo e suas ações à surdina do grande público. Eu por exemplo gosto muito de ler o site da http://www.midiasemmascara.org/, ao qual muitos julgam de conservador ou de direita. Parece-me que eles estão apenas comprometidos com a verdade e declaradamente opositores da idéia comunista, mas como vou saber? Os meios de comunicação podem muito bem serem meros instrumentos de alguma corrente ideológica ou distorcer a informação para o bem de sua causa.
Essa incerteza informativa que paira sobre nós é uma das piores coisas que podem acontecer se queremos de fato ser livres ao máximo. É roubar o nosso direito pela verdade nua e crua. Os meios de comunicações ideais seriam aqueles livres das correntes ideológicas existentes no mundo ou pelo menos que se proclamassem abertamente ao público como seguidor de pensamento x ou y e se propusessem a fazer uma análise da situação "pura” (o fato em si, sem informação oculta ou dirigida meticulosamente para levar a uma visão distorcida) sob a perspectiva de sua ideologia. Mas tudo isto sempre deixando claro que aquela é visão do ocorrido sob pensamento x.

Toda esta situação me lembra muito aquela famosa frase de Maquiavel, "os fins justificam os meios". Porém o que acontece dentre disto é que TODAS as correntes de pensamento utilizam-se deste princípio por um fim que cada uma julga o ideal ou o correto a se atingir. E isto provoca um ciclo vicioso - e que pode até mesmo ser irreparável - cheio de mentiras e mais mentiras, onde somos bombardeados por pura desinformação vinda de todos os lados, no cerne dos mais variados assuntos. E no final só nos resta a dúvida.

Só nos resta a dúvida e a ilusão, ao ponto de não sabermos se tudo que conhecemos é uma mera mentira.

É utópico eu sei, mas só estaremos de fato livres desta assustadora sombra abstrata que nos toma o direito da verdade quando todos os homens tiverem abandonado esse pensamento maquiavélico de tentar impor por meio de caminhos tortuosos os fins que eles julgam corretos e comprometerem-se com a verdade, seja ela benéfica ou não para o fim que ele almeja.

O ser humano então trocará um ciclo de dúvidas por um de verdades e clareza de pensamento.

3.20.2008

Anarquia & Alegria

Bem, quem nunca ouviu ou participou de uma discussão que não acabasse em um embate sem embasamento teórico algum sobre capitalismo x comunismo, pobreza e riqueza, desigualdade e toda essa baboseira aí?
É claro que toda essa baboseira é importantíssima para a construção de uma mentalidade politizada, eu sei. Todas essas propostas ideológicas tem seus milhões de seguidores dispostos a lutar se necessário por elas, porém fico aqui matutando se toda essa idealização para um futuro longíquo não acaba fazendo o mais cruel? Idéias que seduzem pessoas e privam elas de viverem o agora de forma mais plena, e não somente estas idéias mas toda uma variedade de dogmas de nossa sociedade, obrigações chatíssimas, pressões vindas de todas as partes que involuntariamente foram sendo incorporadas por nós mesmos para manter a ordem vigente.
Dentro desso contexto, muitas vezes nos esquecemos que a nossa utopia, o tão sonhado paraíso na terra é realidade e completamente palpável para nós. Esses momentos de liberdade plena, aonde não há preocupações e o prazer impera são encontrados de pessoa para pessoa nas mais diversas atividades, mas quase sempre têm em comum o fato de estar partilhando de um ótimo momento com ótimas pessoas. Isto é anarquia pura, isto é liberdade.

Tentar elaborar um mundo 1oo% anárquico é nobre e desejável, mas ficar preso a isso é burrice quando a maioria das pessoas pode se quiser experimentar a anarquia no aqui e agora, com as pessoas que amamos.
Não sei se faz sentido para vocês
Pelo menos para mim faz.

3.19.2008

Desigual, Imperfeito, mas muito melhor

Texto Extraído do http://www.midiasemmascara.org/,
escrito por João Luiz Mauad.


Devido a falta de criatividade ou empenho em escrever algo aqui, vou pelo menos lançar um texto no blog que quebra paradigmas, já postei outro no estilo mas sempre vale a pena relembrar as pessoas de certos aspectos quando aos poucos se vê essa idéia comunista penetrar nos mais diversos segmentos da sociedade, jovens e adultos presos por idéias utópicas e uma retórica em muitos aspectos falaciosa.

Segue o Artigo Original:

Desde a publicação, em 1755, da célebre obra de Jean-Jacques Rousseau, “Discurso sobre as origens da desigualdade”, os ideólogos da esquerda têm dado exagerada ênfase aos aspectos negativos da disparidade de rendimentos resultante do processo de acumulação capitalista, como se ela fosse responsável pelas misérias do mundo, o que, absolutamente, não é verdadeiro.

Atualmente, baseados nos resultados do famigerado “Índice GINI” e em dúzias de outros estudos e pesquisas estatísticas não tão famosas, porém não menos manipuláveis - produzidas por uma legião de milhares de burocratas empoleirados naquele famoso oráculo socialista às margens do Hudson -, os áulicos do esquerdismo mundial seguem propondo a intervenção firme dos governos nos mercados, a fim de melhorar a distribuição da renda. Em outras palavras, pregam disfarçadamente a receita socialista.

Antes de consumir essa panacéia igualitária como remédio para os males do mundo, porém, o bom senso diz que deveríamos explorar alguns fatos a respeito do tema. Logo de cara, é preciso distinguir os conceitos de pobreza e desigualdade, não raro utilizados como sinônimos, bem como examinar, com o devido cuidado, as quase sempre inconsistentes relações de causa e efeito entre eles.

Nos EUA, por exemplo, as desigualdades de renda são profundas, mas os padrões de pobreza estão longe dos extremos verificados no terceiro mundo, especialmente na África, onde a diferença de rendimentos é muitas vezes insignificante, o que não impede que a miséria por lá tenha contornos medievais.

Aliás, por falar em contornos medievais, algo que quase ninguém pergunta é quais eram os níveis de desigualdade antes do advento da Revolução Industrial e do malfadado capitalismo ocidental. Quais eram os níveis de concentração de renda, por exemplo, na antiguidade? Por acaso a distribuição da riqueza era mais igualitária naqueles tempos? Decerto não há como responder com precisão a tais questões, pois esse tipo de investigação estatística é muito recente.
Entretanto, um estudo feito em 2007 (http://mpra.ub.uni-muenchen.de/5388/) mostra que, ao contrário da crença socialista, os níveis de concentração de renda não eram muito diferentes, no passado, do que são hoje.

A diferença entre a desigualdade existente naquele tempo e a que se verifica atualmente é que, graças ao desenvolvimento e à enorme produção de riquezas gerada pelo capitalismo, mesmo as classes mais pobres dos países ocidentais (notadamente Europa e EUA) estão muito melhor servidas em termos de conforto do que seus antepassados. Por exemplo, nos Estados Unidos uma pessoa com renda abaixo da linha da pobreza (pelos padrões adotados pelo governo daquele país) tem uma boa chance (99%) de possuir uma casa com eletricidade, água encanada, sistema de esgotamento sanitário, geladeira e fogão. 95% têm aparelho de TV, 88% telefone, 70% têm carro e equipamento de ar-condicionado (calefação). Confortos que nenhum dos mais ricos barões do século XIX poderia sequer imaginar há pouco mais de cem anos.

A comparação entre os padrões de pobreza anteriores e posteriores à Revolução Industrial e ao capitalismo chega a ser ridícula. Antes, quem nascia pobre morria de fome ou passavam a vida lutando contra um sem-número de privações, doenças, etc. Trabalhava de sol-a-sol, 7 dias por semana, sem direito a férias e em ambientes absolutamente insalubres. Suas chances de ascensão social eram inexistentes e, não por acaso, a expectativa de vida não ia além dos quarenta e poucos anos. Já os pobres de hoje dispõem, como vimos acima, de um padrão de vida senão confortável, pelo menos muito mais digno. A imensa maioria trabalha somente 8 horas por dia, seis vezes por semana, em ambientes sadios e tem direito a um período de descanso anual. Suas chances de ascensão social são infinitamente melhores do que a de seus antepassados e a expectativa de vida, no nascimento, já está além dos 70 anos.

Malgrado esses fatos evidentes e verdades óbvias, no entanto, a imagem do capitalismo permanece muito ruim junto ao público em geral - recentemente, por exemplo, alguns leitores do Mídia Sem Máscara, confessadamente conservadores, andaram reclamando de uma certa defesa exagerada do capitalismo por aqui, alegando que ser anti-comunista não implica, necessariamente, abraçar a causa capitalista, um modelo muitas vezes injusto e desagregador, segundo eles.

A origem dessa visão deformada do capitalismo está no início do Século XIX, época em que a face mais visível da Revolução Industrial na Inglaterra eram as indústrias têxteis, onde a contratação de mulheres e crianças em condições pouco sadias ou confortáveis, horários longos e baixos salários era rotineira. Por conta desse fato histórico tão lastimável quanto passageiro, associado ao marketing esquerdista ininterrupto, os capitalistas são vistos até hoje como seres exploradores e desumanos, desprovidos de qualquer sentimento.

O fato é que a maioria dos historiadores, especialmente os socialistas, tomaram aquelas condições como novidades sem precedentes, como se a pobreza fosse algo novo, o que é uma completa falácia. Na verdade, a rápida aglomeração urbana ocorrida nos primórdios da Era Industrial apenas descortinou algo já existente nos campos e nas vilas, mas até então encoberto, disperso ou pouco nítido. O alegado aumento da miséria promovido pelo capitalismo, portanto - não por acaso a base da tese profética de Marx -, era lastreado pela ignorância acerca das reais condições de vida anteriores a ele. Antes de serem absorvidas pela “exploração capitalista”, mulheres e crianças sofriam privações ainda piores nos campos, onde o trabalho era, além de estafante e insalubre, muitas vezes escravo. Já os que viviam nas cidades não raro tornavam-se mendigos, vigaristas ou prostitutas. Portanto, o paraíso pré-capitalista, cantado em prosa e verso pelos historiadores socialistas, é algo que jamais existiu.

Não dá para esquecer também que o fim definitivo da escravidão – instituição de que se tem notícia desde os primórdios da civilização humana – só se tornou possível após o advento do capitalismo e sua necessidade intrínseca de fomentar um mercado consumidor constantemente maior. Não estou aqui dizendo que o capitalismo foi o único responsável pelo fim do barbarismo escravocrata, mas que ajudou – e muito – para que isso se tornasse realidade, isso é inegável.

Falar em desigualdade social como fator determinante da pobreza de parte da sociedade só faria sentido se a riqueza do mundo fosse algo estático e o total a ser dividido permanecesse sempre constante. Nesse caso, evidentemente, a porção amealhada por um indivíduo deveria ser tirada de outro, e assim sucessivamente. Gosto do exemplo da mesa de pôquer, onde, para que um ganhe, outro deve, necessariamente, perder. Com efeito, foi isso mais ou menos o que aconteceu durante boa parte da Idade Média, período em que a riqueza mundial, medida em termos per capita, permaneceu virtualmente inalterada. A partir de 1700, no entanto, a renda começou a crescer de forma geométrica, chegando a multiplicar-se 40 vezes - em termos reais, pelo menos na Europa Ocidental e América do Norte, lugares onde o capitalismo encontrou as melhores condições para florescer.

Não estou dizendo que o capitalismo seja um modo de organização econômica e socialmente perfeito. Longe disso! Até porque não se trata de um modelo parido da cabeça de algum luminar ou planejado para ser perfeito. Na verdade, é um sistema complexo que nasceu espontaneamente, baseado na divisão do trabalho e na interação voluntária entre os indivíduos, sempre em busca de melhores condições de vida e conforto. Eu não defendo o capitalismo – e acima de tudo o capitalismo liberal - porque ele é perfeito, mas simplesmente porque todas as suas alternativas se mostraram bárbaras, injustas e contrárias aos direitos elementares do ser humano.

http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6289

3.01.2008

Bens de mais, mentalidade de menos

Em algum lugar li certa vez que o processo de produção em massa dominou o homem antes de o homem dominar tal processo. Não eram exatamente nestas palavras, mas esta era a idéia da frase, era uma máxima de Marx e apesar de todas as críticas que dirigem a seu pensamento e de eu concordar com muitas de tais críticas, nesta reflexão ele mais do que certo estava, é inegável.

O que vemos hoje? Um mundo degenerado pela cobiça humana por bens valiosos, que muitas vezes são meros escapismos, uma era do descartável. Sei que isto é assunto clichê por aí, mas quanto mais se discute mais consciência é gerada.

Seria tipicamente comunista criticar a sociedade capitalista e injusta na qual estamos inseridos, o quão adestrados fomos para termos esta mentalidade de compra desenfreada e todo esse blábláblá de luta de classe, mais-valia e etc. Porém pessoas esquecem que a sociedade capitalista se mostra muito mais eficaz em promover o que o comunismo prega mas nunca conseguiu de fato fazer (com exceção dos altos escalões das ditas ditaduras do proletariado que encheram o bolso e gozaram das mais variadas regalias "burguesas"), que é melhorar a qualidade de vida das pessoas mais pobres. Talvez me digam que esta argumentação é falha pelo fato de tais tentativas de aplicação do comunismo terem sido deturpações do idealizado por Marx e eu frente a isto diria apenas que se todas as tentativas de aplicação do ideal seguiram na mesma direção autoritária demonstra claramente que há algo de falho no ideal em si. Sem contar que utopia por utopia estaríamos todos mortos, o que importa mesmo são ações palpáveis.

Pois bem, isto de fato não nos importa muito no momento, o ponto em que eu gostaria de chegar é o de que em nossa realidade tornou-se necessário sim continuar consumindo para sustentarmos esta vida cheia de pérolas tecnológicas e facilidades do cotidiano advindas das mesmas. De frente a tal peripécia do destino fico confuso, por um lado quero o progresso do meu povo (o mundo), a ascensão de mais e mais pessoas para "classes" mais privilegiadas e assim diminuindo a pobreza (consequentemente fome, doenças, criminalidade, baixo nível educacional [?] e etc.), e sem dúvidas estimular o crescimento econômico tem se mostrado a mais eficaz maneira de se atingir tais objetivos. E por outro lado fico com um pé atrás sabendo que comprar quando não se faz estritamente necessário (não, mera vaidade não se encaixa em necessário) é algo que compromete o futuro ambiental da terra e, mais importante, degrada pouco a pouco os bons valores contidos [?] nas pessoas. O ser passa a ser substituído pelo ter (status por bens sob sua posse criando relações deturpadas) e a vaidade combinada com impulsos de desejos por bens materiais supérfluos minam a convivência harmoniosa que a humanidade espera a tanto tempo.

Neste contexto entra a frase de Marx, viramos escravos de nossa própria invenção e o pior, esta escravidão nos levará a autodestruição. Em algum momento do passado deveríamos ter sido ponderados para produzir conforme a real necessidade e não criando uma falsa necessidade por bens além do mero essencial para a boa vida. Por isso contínuo a me conter cada vez mais na hora de comprar algo ou utilizar de algum serviço, creio que é possível sim reverter esse processo, se o mundo perceber o quão prejudicial essa mentalidade é estaremos a alguns passos também de sanar os problemas de pobreza e suas conseqüências de outra maneira não sendo necessariamente pautada no estímulo meramente econômico.

Mas como eu mesmo disse:

"Utopia por utopia estaríamos todos mortos, o que importa mesmo são ações palpáveis."

Ah será que estou sendo utópico?






2.21.2008

Espiritualidade, Religião e Descrença

Dizem por aí que há três coisas que não se discute, política, religião e futebol. Sou obrigado a questionar o porquê disso já que qualquer discussão desde que respeitando a liberdade alheia é muito mais do que válida, é justamente através dessas discussões que o mundo evoluiu. Política e Religião então, são tão importantes no nosso dia a dia que chego a pensar que a pessoa que sugeriu a não discussão desses temas estava procurando ceifar a capacidade e o direito das pessoas a razão, ao questionamento e ao conhecimento. Já o futebol dispensa comentários.

Com isto em mente resolvi explorar o campo da religião e da espiritualidade (como o título sugere) no dia de hoje, pois vinha querendo escrever algo sobre já há algum tempo, mas fui principalmente impulsionado por conversas com a Srta. Ériaine (muito obrigado hein!) em volta do tema.

Fica até difícil começar a escrever algo quando o tema é tão complexo, mas acho que um bom caminho é iniciar com o porquê aparente do surgimento da espiritualidade e por que pessoas se apegam a ela.
Imagine-se em um local completamente hostil, a sua volta milhares de fenômenos que aparentemente não têm explicação alguma combinados com dúvidas existenciais que perduram até hoje e vualá, eis um Homo sapiens vivendo há 20 talvez 30 mil anos atrás. Nossa curiosidade eterna junto com nossa criatividade incrível então começam a entrar em ação e com a cultura disponível você começa a dar explicações para todos esses fenômenos utilizando da sua lógica cotidiana, não demora muito e surgem seres místicos representando dezenas de fenômenos, deuses, criam-se conceitos e histórias que justifiquem a nossa existência e expliquem o que é a morte. De repente as dúvidas foram preenchidas, a vida toma um sentido e a morte já não é mais um temor, ganha-se motivação para continuar.É uma visão meio cética eu sei, mas hei de concordar que ela faz sentido. Essa é a hipótese mais provável para o surgimento das religiões ao longo da história de nossa civilização, nos apegamos a espiritualidades variadas em prol do bem estar de nós mesmos e da vida em conjunto. Não vou tentar procurar falhas na lógica de nenhuma religião e muito menos tentarei exaltar a superioridade de outra pois deixo a análise da coerência e da veracidade de cada crença para cada um, apenas me atenho em dizer que todas elas têm algo de muito bom para contribuir na hora de formar uma sociedade justa e harmoniosa. Mas sei que posso filosofar por aqui sobre o papel que essas crenças desempenham na sociedade (consequentemente na nossa vida) e como a espiritualidade vêm caminhando hoje em dia.

Um dos fenômenos recentes é o número crescente de ateus ao redor do mundo. Desde a saída da civilização ocidental da Idade Média e com o surgimento de correntes filosóficas como o Cartesianismo, Iluminismo e Humanismo várias respostas antes desconhecidas estavam começando a ser sanadas através da lógica da ciência. Com todo esse conhecimento hoje muitos fatos, histórias e dogmas pregados pelas mais diversas religiões acabam por não conseguirem sustento e durante esse processo muitos fiéis migraram para diferentes crenças ou ao ateísmo. Obviamente as religiões se adaptaram a realidade na qual estão inseridas mudando muitos de seus hábitos, indo procurar fiéis em novas fronteiras ou até mesmo sendo palco de revoluções religiosas. Okey, isto é história e todos conhecem (ou deveriam), mas o interessante é analisar que não necessariamente se precisa de uma crença para garantir a estabilidade emocional visto o enorme contingente de ateus no mundo, ao invés de seguir uma religião essas pessoas geralmente incorporam apenas os valores morais/éticos e vêm como objetivo não o paraíso ou a iluminação mas sim o desenvolvimento (moral) da espécie humana na terra (não que religiões também não procurem isto), sem receio de dogma algum.

Outro fenômeno seria o crescente interesse das pessoas ocidentais pelas religiões orientais, muitas vezes por pura curiosidade ou necessidade de "troca de ares" são atraídas pelo misticismo dessas crenças e por suas perspectivas mais humildes ou abordagens diferentes de ver o mundo. Também surge aqui a curiosidade crescente das pessoas pelas religiões e culturas antigas e/ou politeístas gregas, egípcias, nórdicas, astecas e etc. De qualquer maneira, todas essas migrações, mudanças religiosas e interesses por "novas" crenças só demonstram o quão dinâmicas são as expansões e retrações das idéias religiosas e o quanto elas são influenciadas e influenciam as mudanças culturais.

Vale a pena ressaltar o quão positivas ou negativas podem ser certos dogmas religiosos para o mundo. Eu acima de tudo espero sempre por um mundo justo e cheio de liberdade para todos e isto me leva a ver negativamente, por exemplo, a posição de certas instituições e religiões em relação ao homossexualismo, ou em relação ao sexo, a liberdade da mulher (Islamismo) ou até mesmo a posição hostil de certas religiões e/ou instituições religiosas perante outras. Um papa, por exemplo, que condena o homossexualismo não está apenas limitando a reação ao círculo católico, ele passou a semear discórdia de católicos perante homossexuais ou um sacerdote muçulmano que prega o ódio aos cristãos dispensando comentários do quão desastrosas podem ser as conseqüências. Mas existe também o outro lado, quantas pessoas não são ajudadas por religiões mundo afora, quantas vidas não são resgatadas do vício das drogas, quantas campanhas contra fome, frio e doenças não são promovidas e sem contar o principal, a mudança interna que religiões podem proporcionar assim dando novas perspectivas com uma conduta moral mais elevada desencadeando em uma avalanche de boas ações que efetivamente podem mudar o mundo para melhor, junto com a explicação para o antes inexplicável. Isto são coisas que a mais corrupta das instituições religiosas não pode ofuscar e tirar dos religiosos e das religiões que realmente querem fazer a diferença neste mundo.

Portanto encerro dizendo que não importa sua espiritualidade, religião ou a ausência de uma o importante é saber conviver com as diferenças dos outros, buscar o aprimoramento espiritual e/ou ético/moral e sempre, sempre prezar pela compaixão e sabedoria.

Paz.