Enquanto caminhava até a cozinha dei-me conta de que talvez o chão no qual eu pisava e me mantinha, poderia não existir. Com isso percebi que a roupa que eu utilizava também poderia não existir. E assim fui percebendo que tudo aquilo me cerca, pode de fato não existir.
Se estou sendo amplamente enganado, como vou saber?
Se meus sentidos não são meus, se são inseridos aqui, na cabeça em que penso possuir.
E se não existem, e são inseridos, inseridos por quem?
Inseridos em quem?!
Em mim!
Eu, é claro, devo existir.
Meu corpo talvez não exista, minhas sensações talvez sejam uma farsa, mas uma coisa é certa!
Eu sou eu, e nada além de mim eu sou, então eu sou. Talvez eu não saiba o que eu sou, mas eu sou.
Se estou aqui pensando, se estou aqui cogitando, então existo.
Não é Descartes? Cogito logo sou?
O fato de eu estar aqui a escrever é prova irrefutável.
Mas isto é válido somente para mim, e você?
Será que existe? Tua existência está tão em jogo quanto o chão e minhas roupas.
O leitor que lê, pode pensar:
"Ai que saco, este papo denovo, mais velho que andar para trás!"
Eu lhe respondo: Tu nem és digno de resposta, já que tu nem consegues provar tua existência.
Mas eu também não consigo provar a minha existência para outras "pessoas"....
Então por inferência, todos devemos existir, mas ninguém é capaz de provar para o outro que existe, que cogita de fato, que percebe o mundo ao seu redor. E ninguém consegue desprovar que são todos robôs, desprovidos de consciência do seu redor.
Sussuram do canto da sala:
" O sensatez, volte à cabeça deste homem"
Xispa sussuro maligno, sensatez é a fraqueza dos homens!
.... olho para trás e realmente, leitor que lê, tu estavas certo....
Isso daí é pensado desde que homem é homem. Que novidade há de ter aqui?
Ahhhh, e quando eu morrer?
Que hei de acontecer?
Cessa minha cogitação?
Se cessa, então sou nada mais do que meu cérebro me permite ser.
Então qual é mesmo a diferença entre eu e um robô?
A diferença é que sou majoritariamente de carbono e ele de silício (por hora, até o momento de serem eles de carbono também, ou nós passamor a ser de silício ou afins, vai saber!)?
Eita....
Nada de novo também, mas e daí?
Em pleno século XXI, idéias novas são difíceis de se achar.
Humilde que sou, mantenho-me a cultivar minha pseudo intelectualidade!
7.13.2009
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