- Acorda! Diz o despertador.
E eu encaro o objeto, amaldiçoo o meu eu passado.
Que insiste em botar o despertador para seis horas.
Durmo!
Acordo! O bafo de verão, sensação de desgaste.
Ahhhh! Novamente amaldiçoo o meu eu passado,
mas agora não o que colocou o despertador para as seis,
mas sim o que se negou a seguir a minha vontade.
Mas bem, de consolo para mim é que ele seguiu a dele.
Levanto-me, alcanço o óculos, tomo café.
Relembro o fato de ter perdido o tempo,
tudo culpa do meu eu passado que insiste em dormir.
Como uma máquina, sem a capacidade de questionar,
já programado, sigo até onde repousam os livros.
Pego alguns, e os leio.
Leio.
Leio.
Cansei!
Vou é contemplar a vida, a natureza.
Tudo bonito, entro em êxtase. Logo cessa.
Talvez não seja tão bonito assim.
Olho para o lado, para o outro. Nada.
O telefone, nada.
Dou-me o trabalho de ir até a TV, ligo. Nada.
Vou até o computador, na internet. Nada.
Os familiares surgem hora aqui, hora ali,
trocadas algumas palavras e chego a conclusão que não quero conversar.
Almoço.
Leio.
Leio.
Leio.
Paro novamente. Agora sim, estou apto a contemplar a vida. Não?
Não. Outra vez entedio-me com estas coisas.
Volto a ler.
Leio.
Leio.
Leio.
Mas tu até podes pensar, oras. Tu encontras a beleza na leitura.
Bá! Mas nunca, leio porque a leitura me dá o presente de não precisar raciocinar.
Deixo aquele que escreveu raciocinar por mim. Se faz sentido acato.
Se não faz, acato mesmo assim. Deve estar certo, não?
Pensar é um tanto quanto chato, muito cansativo. E afinal, qual a beleza em pensar?
Ou em ler?
Não não, não encontro beleza na leitura.
Leio por falta do que fazer. Do que admirar.
Leio por falta de quem amar (e por preguiça de achar alguem para amar).
Leio até de noite.
Pausas para comer, e para achar o que fazer.
Até voltar a ler.
E finalmente, quando entediado de ler.
Venho aqui e escrevo.
Pura falta do que fazer.
Do que admirar.
De quem amar.
Mas quem sabe amanhã?
Acordarei cedo! Que tal às seis horas?
Amanhã hei de aparecer algo, algo para fazer!
12.26.2009
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