7.21.2011

Corrida

Correndo incessantemente sobre terras de fogo,
os pés calejados já não mais sofrem.
Jornada que começou em terras macias,
nos confins do passado, onde a grama suave acariciava o corpo incólume.
Venceu a terra nua, desmascarando os adornos de outrora.
Atingiu as terras cobertas de areia, imbuindo peso àquele que corria antes tão leve.
Passou pela terra revestida de cascalho, que sob o impacto do corpo bruto lapida-o aos cortes.

Agora incessantemente sobre terras de fogo,
As brasas que no começo eram ardentes como o sol,
não passam agora do calor do qual se nutre.
O corpo um dia incólume, um dia bruto, lapidou-se e sob a ação do fogo emergiu grandioso.
Correndo incessantemente,
Ignorando quaisquer obstáculos,
Chega finalmente ao seu destino.

Tanto percorreu para atingir mais uma vez a terra suave,
O berço coberto de grama o qual considerou de sua mente esquecido.
Calejado, fruto de tantas adversidades, agora se vê incapaz de sentir o toque suave da grama que o acolhe. Chora, chora, e suas lágrimas escorrem corpo a baixo, purificam-no. Das adversidades agora só restam-lhe as boas lições. Deita-se e ao toque do berço se delicia.

Deita e cerra os olhos,
em paz abre um enorme sorriso,
e torna o berço no seu leito eterno.

3 comentários:

Bruni disse...

Mano, faz um zine desse blog, sério!
Bruni
=*

Slept disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Slept disse...

Estou entre aqueles que preferem nunca sair do berço sabendo que tudo que é feito é em vão. Sendo que entre todas as escolhas da vida, a única que é certa é a morte, essa não falha e nem se querer te machuca, é a única que te da o conforto real de não precisar mais existir.