12.26.2009

Leio

- Acorda! Diz o despertador.
E eu encaro o objeto, amaldiçoo o meu eu passado.
Que insiste em botar o despertador para seis horas.

Durmo!

Acordo! O bafo de verão, sensação de desgaste.
Ahhhh! Novamente amaldiçoo o meu eu passado,
mas agora não o que colocou o despertador para as seis,
mas sim o que se negou a seguir a minha vontade.

Mas bem, de consolo para mim é que ele seguiu a dele.

Levanto-me, alcanço o óculos, tomo café.
Relembro o fato de ter perdido o tempo,
tudo culpa do meu eu passado que insiste em dormir.
Como uma máquina, sem a capacidade de questionar,
já programado, sigo até onde repousam os livros.

Pego alguns, e os leio.
Leio.
Leio.

Cansei!
Vou é contemplar a vida, a natureza.
Tudo bonito, entro em êxtase. Logo cessa.
Talvez não seja tão bonito assim.
Olho para o lado, para o outro. Nada.
O telefone, nada.

Dou-me o trabalho de ir até a TV, ligo. Nada.
Vou até o computador, na internet. Nada.
Os familiares surgem hora aqui, hora ali,
trocadas algumas palavras e chego a conclusão que não quero conversar.

Almoço.
Leio.
Leio.
Leio.

Paro novamente. Agora sim, estou apto a contemplar a vida. Não?
Não. Outra vez entedio-me com estas coisas.
Volto a ler.

Leio.
Leio.
Leio.

Mas tu até podes pensar, oras. Tu encontras a beleza na leitura.
Bá! Mas nunca, leio porque a leitura me dá o presente de não precisar raciocinar.
Deixo aquele que escreveu raciocinar por mim. Se faz sentido acato.
Se não faz, acato mesmo assim. Deve estar certo, não?
Pensar é um tanto quanto chato, muito cansativo. E afinal, qual a beleza em pensar?
Ou em ler?

Não não, não encontro beleza na leitura.
Leio por falta do que fazer. Do que admirar.
Leio por falta de quem amar (e por preguiça de achar alguem para amar).

Leio até de noite.
Pausas para comer, e para achar o que fazer.
Até voltar a ler.

E finalmente, quando entediado de ler.
Venho aqui e escrevo.
Pura falta do que fazer.
Do que admirar.
De quem amar.

Mas quem sabe amanhã?
Acordarei cedo! Que tal às seis horas?
Amanhã hei de aparecer algo, algo para fazer!

12.12.2009

Momentos de Ociosidade

Aqui estou eu, querendo postar alguma coisa intrigante e decente já faz dois dias. Infelizmente nada assim brotou em meus pensamentos, nada que eu considero que vale a pena postar, logo pensei aqui com meus botões: por que não postar sobre a minha indecisão sobre o que postar?

Talvez porque com um tema tão idiota, não há o que ser dito. Provavelmente uma frase seria o suficiente, mas eu quero realizar um post grande simplesmente pela vontade de um post grande postar. É um direito assegurado pelo fato de eu ser o dono deste blog e com ele fazer o que bem entender.

Vou primeiro deixar claro a triste situação em que me encontro. São exatamente 20:03 horas segundo esta máquina chamada pelos humanos de computador, e o dia é sábado. Um sábado à noite às 20:04 (agora) da noite e em plenas férias da universidade, porém utilizando do meu tempo sentado frente a um computador e escrevendo isto daqui. Falta do que fazer tremenda tu podes dizer meu caro leitor e eu como pessoa sincera que sou não vou mentir para você, isto é a mais pura verdade. Devem estar ocorrendo vários eventos na cidade, mas será que algum deles vale a pena? Será que valeria a pena ler o Nietzsche que estava para ler? Será que vale a pena ler o livro de química orgânica que repousa ao meu lado? Essas perguntas para mim agora são tão importantes , ou se não mais do que, quanto o sentido da vida. Bem, acho que não mais. Acabei de decidir que não irei lê-los de maneira alguma.

Novo parágrafo aberto indica nova abordagem dizem as professoras. Então começo novo assunto, darei uma atenção ao fato de serem férias. As férias são uma dádiva hein? Não é preciso preocupar-se com prazos e coisas do gênero (pelo menos eu não estou precisando). Mas mesmo assim minha vontade é de entregar-me aos livros que aqui tanto gozam do meu prestígio, mas hesito! São férias! Depois de um penoso semestre, com a promessa de um próximo semestre ainda pior, eu deveria estar aproveitando o momento para dedicar-me à arte do ócio. É o que tenho feito na última semana, mas creio que meu ócio cessa amanhã. Meu cérebro pede por leituras e mais leituras, sede de conhecimento. Ó pertubação, maldito seja o dia em que me interessei pelo saber.
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É a terceira vez que edito isto, tentando separar uma parte do texto da outra!!!!!!
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Certo, novo parágrafo. Será que filósofos que marcaram a face da terra tinham o seu pensamento de forma completamente clara durante todo o dia? Eu as vezes me sinto mal por não conseguir levar a cabo um pensamento e destrinchá-lo de forma objetiva quando estou dentro de um ônibus por exemplo. O que eu tenho são simplesmente sensações, abstrações e visões presas a uma perspectiva limitada em relação a algum assunto, sendo que para ir adiante e passar disso eu necessito escrever. Mesmo escrevendo meus pensamentos se perdem, começam ali e terminam lá, nada com nada! Daí eu me pergunto, isto é incapacidade de pensar de forma objetiva? Ou será que é assim que o pensamento filosófico desenvolve-se? Temo que seja sim para a primeira pergunta e não para a segunda, já que quando se trata de refletir sobre quase tudo o meu pensamento só tem a mínima chance de se tornar objetivo e linear através do registro. Digo a mínima chance porque mesmo assim eu não consigo me desfazer da sensação de que não estou atacando o problema adequadamente. Talvez este seja o primeiro passo para o desenvolvimento do pensamento filosófico, saber que peco em relação à minha análise e que esta pode melhorar.

Talvez um pensamento totalmente criterioso e metodológico também não seja algo desejável, mas eu não consigo acreditar nisto.
-------------------------------------------------------------------------------------------------A mesma coisa aqui!
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Okey, 20:27, sábado. Com o violão na mão, no msn.
O post não foi uma total perca de tempo, ou será que foi?
Pouco me importa, fiz o que queria fazer.

7.31.2009

Eu como a sombra de outro Eu

Os nossos pecados,
quando finalmente serão redimidos?

Será que temos este dom,
tornarmo-nos algo mais do que humanos?
Abandonar este eu
Ao qual insistimos nos prender,
e finalmente tudo aquilo que sempre desejávamos
passar a ser?

Quando envolto de silêncio,
encontro-me encurralado por mim mesmo
e assustado, pela imponência da minha consciência
julgando sem dó o que sou,
apresentando através de um espelho
a glória do outro eu, a glória do outro eu

perseguido por mim mesmo
até a redenção
perseguido por mim mesmo
até o fim de minha humilde aparição

7.13.2009

Masturbação mental

Enquanto caminhava até a cozinha dei-me conta de que talvez o chão no qual eu pisava e me mantinha, poderia não existir. Com isso percebi que a roupa que eu utilizava também poderia não existir. E assim fui percebendo que tudo aquilo me cerca, pode de fato não existir.

Se estou sendo amplamente enganado, como vou saber?
Se meus sentidos não são meus, se são inseridos aqui, na cabeça em que penso possuir.
E se não existem, e são inseridos, inseridos por quem?
Inseridos em quem?!

Em mim!
Eu, é claro, devo existir.

Meu corpo talvez não exista, minhas sensações talvez sejam uma farsa, mas uma coisa é certa!
Eu sou eu, e nada além de mim eu sou, então eu sou. Talvez eu não saiba o que eu sou, mas eu sou.

Se estou aqui pensando, se estou aqui cogitando, então existo.
Não é Descartes? Cogito logo sou?

O fato de eu estar aqui a escrever é prova irrefutável.
Mas isto é válido somente para mim, e você?
Será que existe? Tua existência está tão em jogo quanto o chão e minhas roupas.

O leitor que lê, pode pensar:
"Ai que saco, este papo denovo, mais velho que andar para trás!"

Eu lhe respondo: Tu nem és digno de resposta, já que tu nem consegues provar tua existência.

Mas eu também não consigo provar a minha existência para outras "pessoas"....
Então por inferência, todos devemos existir, mas ninguém é capaz de provar para o outro que existe, que cogita de fato, que percebe o mundo ao seu redor. E ninguém consegue desprovar que são todos robôs, desprovidos de consciência do seu redor.

Sussuram do canto da sala:
" O sensatez, volte à cabeça deste homem"

Xispa sussuro maligno, sensatez é a fraqueza dos homens!


.... olho para trás e realmente, leitor que lê, tu estavas certo....
Isso daí é pensado desde que homem é homem. Que novidade há de ter aqui?

Ahhhh, e quando eu morrer?
Que hei de acontecer?
Cessa minha cogitação?

Se cessa, então sou nada mais do que meu cérebro me permite ser.
Então qual é mesmo a diferença entre eu e um robô?

A diferença é que sou majoritariamente de carbono e ele de silício (por hora, até o momento de serem eles de carbono também, ou nós passamor a ser de silício ou afins, vai saber!)?

Eita....
Nada de novo também, mas e daí?
Em pleno século XXI, idéias novas são difíceis de se achar.
Humilde que sou, mantenho-me a cultivar minha pseudo intelectualidade!

5.30.2009

Naturalidade, conceitos e sua não existência

O que é natural?

Isso pode parecer um tanto quanto sem sentido de ser perguntado, afinal muitas pessoas vêem como óbvia a resposta a esta pergunta. Mas algumas vezes me peguei encucado quanto ao sentido que as pessoas dão a este termo e em quanto este sentido é inteiramente equivocado.

Na maioria das vezes que me deparei e tive que confrontar este termo "natural" foi no tocante a discussões sobre o vegetarianismo. As pessoas argumentavam (e muito provavelmente ainda argumentarão) depois de tudo o que foi dito sobre os direitos animais de que simplesmente era natural do ser humano comer carne. Não vou entrar no mérito da resposta aqui, pois no decorrer do texto pretendo que ela pareça óbvio ao leitor [estás aí leitor?].
Quando falamos natural [não me excluo disto!], estamos nos referindo a um conceito de "pureza" anterior a intervenção do homem neste sistema.
Peguemos um exemplo:
Se fulano diz para todos os seus amigos que irá ter um final de semana totalmente natural, e ele utilizar todo o tempo de seu final de semana em uma loja de fliperama, muito provavelmente os seus amigos irão dizer que ele mentiu. Mas porquê?

Porque inferimos que por natural, ele vá fazer algo que se desligue totalmente da tecnologia moderna, muito provavelmente pensariam que ele iria viajar e ficar isolado de qualquer coisa tecnológica, ou que ao menos iria utilizar de uma tecnologia não menos recente.
Agora vamos supor que fulano tenha passado um final de semana em uma cabana na floresta, um cenário completamente bucólico e onde ele possa cozinhar suas coisas em um fogão a lenha. Agora seus amigos certamente não iriam duvidar da veracidade de sua afirmação.

O que mudou? Qual é a diferença entre a tecnologia de um fliperama e a tecnologia de um fogão a lenha? Porquê algo que já foi tão anti natural no passado (imagine pessoas que utilizavam fornos de barro se deparando pela primeira vez com um fogão a lenha "moderno" com direito a chapa de metal e tudo!) agora passou a ser taxado de natural? O fogão a lenha é tão anti natural quanto o fliperama se seguirmos essa linha de raciocínio sobre o termo natural.
Alguém pode dizer então que o final de semana de fulano não foi realmente natural por causa disto, que se ele quisesse ser realmente natural ele deveria viver o final de semana como os homens da antiguidade, utilizando de uma mera fogueira e andando nú, caçando ou plantando seu próprio alimento, com ferramentes rústicas da idade da pedra.

Mas espere! A própria fogueira e as ferramentas rústicas são anti naturais ao ser humano seguindo este modo de pensar, já que não passam de tecnologias muito antigas, mas tecnologias que em algum momento poderiam facilmente serem taxadas de anti naturais!

O que nos resta?
Acabamos extendendo a fundo o que temos por natural e acabamos com nada, nenhum tipo de objeto criado pelo homem é natural. Pois a natureza do homem é não utilizar de ferramentas, não nascemos com elas. Mas isto implicaria em dizer que macacos que utilizam de gravetos para alimentarem-se de cupins de estarem sendo anti naturais!
Agora certamente diriam que estas coisas o são naturais pois o homem tem capacidade para isto, ele pode conceber ferramentas rústicas e pode dominar o fogo. Mas justamente aí que todo o conceito de naturalidade rui, se é "natural" ao homem apenas pelo fato de que ele pode conceber aquilo, então qualquer idéia concebível nos é "natural". Fulano não estava mentindo para seus amigos quando passou o final de semana no Fliperama, o fliperama foi concebido pelo homem e assim o é "natural", senão ele não o conceberia.

Isto quer dizer simplesmente que o conceito de naturalidade não existe, já que naturalidade implica em que existam coisas que não são naturais, o que não é fato, tudo que concebemos pode ser interpretado como "natural" ao ser humano pois temos a capacidade de fazer aquilo "naturalmente". O próprio termo natural torna-se pó sob um olhar minucioso.

Esta mesma idéia pode muito bem ser estendida para não objetos, o raciocínio é o mesmo.

O que você acha? É natural do homem destruir o conceito de naturalidade?

5.24.2009

Frestas

O que nos tornamos?

Houve um tempo em que
não precisávamos de sentido
simplesmente éramos,
nada buscavamos ser

Por que isto se perdeu?
Olhem para mim,
buscando um porque...

Talvez esta seja nossa sina,
procurar eternamente uma porta
ao passado

Mas achar apenas frestas
através de paredes espessas

Frestas estas que ludibriam
com a inocência do que foi
e torturam com a realidade do que é

5.22.2009

Correntes de Esperança

Por quanto tempo jogados nas sombras?
Renegando a nós mesmos?

Escravos alguns dizem, escravos!
Escravizados pelo que? Por essas correntes feitas de esperanças?
Escravos de que?

Acho que acabei de entender,
Somos escravos dessa idéia, a idéia de liberdade,
Alguns dizem que a devemos procurar assim
Outros dizem que a devemos procurar assado

Que a liberdade é isto, que a liberdade é aquilo
Estarão todos certos? Estarão todos errados?

Acho que acabei de entender, isso é a escravidão
A vida toda sonhando, idealizando, liberdade não se alcança
liberdade simplesmente é,
não deve ser procurada, é simplesmente vivida

logo nos vemos, acorrentados à liberdade
paradoxal talvez,

Perdi e perdi, tudo aquilo que sempre quis,
procurei onde não devia, onde nada havia
A alegria no final, estava ali, em cada simples dia...

5.21.2009

No topo do monte Olimpo,
lá eu sou forte
No topo do Olimpo,
lá eu tudo ouço
No topo do monte Olimpo,
lá eu sou sábio

Naquele topo eu sou imortal,
Mas por aqui nada disto sou e por aqui ficarei,
Pois o que é ter pela eternidade
força, informação e sabedoria,
Perto da beleza de morrer um pouco a cada dia

4.26.2009

Ein?

O quanto nos auto reprimimos? Ãhn? Imprimimos?

Não!

REPRIMIMOS!

Fomos reprimidos por tudo aquilo que não é, e que é, e que foi e que será.
Isto nos auto incluiu?

Hmm! Creio que sim, porque se temos tudo por tudo, então eu faço parte do tudo.

Mas porquê reprimidos? E não inspirados?
Não sei, talvez empurrados!

Basta saber que é culpa do tudo, seja o que for, reprimido empurrado ou inspirado, é culpa do tudo, porque eu não posso culpar o que não é!

Ou poderia?
Se eu digo que não é, ele já é, se existe algo inconcebível, acabei de conceber!

Acho melhor ficar com imprimimos...