5.30.2009

Naturalidade, conceitos e sua não existência

O que é natural?

Isso pode parecer um tanto quanto sem sentido de ser perguntado, afinal muitas pessoas vêem como óbvia a resposta a esta pergunta. Mas algumas vezes me peguei encucado quanto ao sentido que as pessoas dão a este termo e em quanto este sentido é inteiramente equivocado.

Na maioria das vezes que me deparei e tive que confrontar este termo "natural" foi no tocante a discussões sobre o vegetarianismo. As pessoas argumentavam (e muito provavelmente ainda argumentarão) depois de tudo o que foi dito sobre os direitos animais de que simplesmente era natural do ser humano comer carne. Não vou entrar no mérito da resposta aqui, pois no decorrer do texto pretendo que ela pareça óbvio ao leitor [estás aí leitor?].
Quando falamos natural [não me excluo disto!], estamos nos referindo a um conceito de "pureza" anterior a intervenção do homem neste sistema.
Peguemos um exemplo:
Se fulano diz para todos os seus amigos que irá ter um final de semana totalmente natural, e ele utilizar todo o tempo de seu final de semana em uma loja de fliperama, muito provavelmente os seus amigos irão dizer que ele mentiu. Mas porquê?

Porque inferimos que por natural, ele vá fazer algo que se desligue totalmente da tecnologia moderna, muito provavelmente pensariam que ele iria viajar e ficar isolado de qualquer coisa tecnológica, ou que ao menos iria utilizar de uma tecnologia não menos recente.
Agora vamos supor que fulano tenha passado um final de semana em uma cabana na floresta, um cenário completamente bucólico e onde ele possa cozinhar suas coisas em um fogão a lenha. Agora seus amigos certamente não iriam duvidar da veracidade de sua afirmação.

O que mudou? Qual é a diferença entre a tecnologia de um fliperama e a tecnologia de um fogão a lenha? Porquê algo que já foi tão anti natural no passado (imagine pessoas que utilizavam fornos de barro se deparando pela primeira vez com um fogão a lenha "moderno" com direito a chapa de metal e tudo!) agora passou a ser taxado de natural? O fogão a lenha é tão anti natural quanto o fliperama se seguirmos essa linha de raciocínio sobre o termo natural.
Alguém pode dizer então que o final de semana de fulano não foi realmente natural por causa disto, que se ele quisesse ser realmente natural ele deveria viver o final de semana como os homens da antiguidade, utilizando de uma mera fogueira e andando nú, caçando ou plantando seu próprio alimento, com ferramentes rústicas da idade da pedra.

Mas espere! A própria fogueira e as ferramentas rústicas são anti naturais ao ser humano seguindo este modo de pensar, já que não passam de tecnologias muito antigas, mas tecnologias que em algum momento poderiam facilmente serem taxadas de anti naturais!

O que nos resta?
Acabamos extendendo a fundo o que temos por natural e acabamos com nada, nenhum tipo de objeto criado pelo homem é natural. Pois a natureza do homem é não utilizar de ferramentas, não nascemos com elas. Mas isto implicaria em dizer que macacos que utilizam de gravetos para alimentarem-se de cupins de estarem sendo anti naturais!
Agora certamente diriam que estas coisas o são naturais pois o homem tem capacidade para isto, ele pode conceber ferramentas rústicas e pode dominar o fogo. Mas justamente aí que todo o conceito de naturalidade rui, se é "natural" ao homem apenas pelo fato de que ele pode conceber aquilo, então qualquer idéia concebível nos é "natural". Fulano não estava mentindo para seus amigos quando passou o final de semana no Fliperama, o fliperama foi concebido pelo homem e assim o é "natural", senão ele não o conceberia.

Isto quer dizer simplesmente que o conceito de naturalidade não existe, já que naturalidade implica em que existam coisas que não são naturais, o que não é fato, tudo que concebemos pode ser interpretado como "natural" ao ser humano pois temos a capacidade de fazer aquilo "naturalmente". O próprio termo natural torna-se pó sob um olhar minucioso.

Esta mesma idéia pode muito bem ser estendida para não objetos, o raciocínio é o mesmo.

O que você acha? É natural do homem destruir o conceito de naturalidade?

5.24.2009

Frestas

O que nos tornamos?

Houve um tempo em que
não precisávamos de sentido
simplesmente éramos,
nada buscavamos ser

Por que isto se perdeu?
Olhem para mim,
buscando um porque...

Talvez esta seja nossa sina,
procurar eternamente uma porta
ao passado

Mas achar apenas frestas
através de paredes espessas

Frestas estas que ludibriam
com a inocência do que foi
e torturam com a realidade do que é

5.22.2009

Correntes de Esperança

Por quanto tempo jogados nas sombras?
Renegando a nós mesmos?

Escravos alguns dizem, escravos!
Escravizados pelo que? Por essas correntes feitas de esperanças?
Escravos de que?

Acho que acabei de entender,
Somos escravos dessa idéia, a idéia de liberdade,
Alguns dizem que a devemos procurar assim
Outros dizem que a devemos procurar assado

Que a liberdade é isto, que a liberdade é aquilo
Estarão todos certos? Estarão todos errados?

Acho que acabei de entender, isso é a escravidão
A vida toda sonhando, idealizando, liberdade não se alcança
liberdade simplesmente é,
não deve ser procurada, é simplesmente vivida

logo nos vemos, acorrentados à liberdade
paradoxal talvez,

Perdi e perdi, tudo aquilo que sempre quis,
procurei onde não devia, onde nada havia
A alegria no final, estava ali, em cada simples dia...

5.21.2009

No topo do monte Olimpo,
lá eu sou forte
No topo do Olimpo,
lá eu tudo ouço
No topo do monte Olimpo,
lá eu sou sábio

Naquele topo eu sou imortal,
Mas por aqui nada disto sou e por aqui ficarei,
Pois o que é ter pela eternidade
força, informação e sabedoria,
Perto da beleza de morrer um pouco a cada dia